segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Encruzilhada

Ela está numa encruzilhada, deixando no matinho as oferendas para, quem sabe desta vez, arranjar um bom partido. Entre o medo e a excitação, acende as velas e deposita no pratinho plástico mais um punhado de jujubas e pipocas. E pede a São Cosme e São Damião felicidade no amor, de uma vez por todas. Mas não pode se demorar: já são sete horas e almodôvar ainda não comeu. Se apressa. A reza sai um tanto atrapalhada. Pensa: mamãe, o quê pensaria de mim me visse agora, nesse desespero por causa de homem? Pára de pensar, larga ali o pratinho com as balinhas e a pipoca e as velinhas acesas. Nem pensa que dali a exatas treze horas aquela inocente oferenda vai incendiar o terreno baldio e despertar do sono as famílias que moram na redondeza. Ela, sempre cautelosa quando se trata de evitar acidentes...Desta vez, estupidamente, provocou uma pequena tragédia - três ratazanas e centenas de baratas foram encontradas mortas junto aos entulhos abandonados.

Um comentário:

Ana Souza disse...

Você como sempre com um texto claro e muito bom, além de um humor im plicito.bj