sábado, 14 de junho de 2008

Sonho murcho

Nunca, homem, depois do nosso sexo, consegui ter uma mínima ilusão de sentimento...Nem teu toque - o toque áspero das tuas mãos grandes demais - , nem teus beijos demasiado molhados, nem o calor do teu corpo pré-aquecido por outras chamas que não a minha...nada disso, homem, me fez sonhar um instante sequer com um futuro sentimental ao teu lado. Porque temos desde cedo esse silencioso trato de não nos entregarmos - você encontrou em mim a cópula sem culpa, sem ter que nada prometer ou cumprir, sem satisfações a dar. Sabe por quê, homem? Porque eu nunca esperei quase nada de você...você é pra mim uma revista no saguão de espera de um aeroporto lotado e não sei quando nem pra onde vou embarcar. Mas vou. Sei que é pra longe dessa nossa esterilidade...Mas não me queira mal, homem...nem bem. Não me queira mais. Enjoe de mim, do meu sabor. Enjoe do meu cheiro e da maciez da minha pele. E, por favor, não olhe pra trás quando for embora. Nem se despeça. Você nunca esteve.

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